Gemendo e em pranto fui de manso saindo,
De onde queria ficar, ou jamais ter sido porteira adentro lançado,
Laçado pelo destino, rendido ao desconhecido,
Feito gente, feito o que crê, adorno do Celeste.
Como estrela cadente que se lança céu abaixo, assim sou eu,
Falível ser, guerreando contra as ameaças do não-ser[1],
Sucateado nas lidas, cheirando ainda, a aurora da vida,
Vezes querida, pedra que se lapida,
Outrora temida, ferro que trepida.
Prostrado, sou apenas cisco que de ti caiu,
Espelho sujo, reflexo incerto, convexo procurando conserto,
Consertar-me, ah nem sei de que, nem sei para que,
Pois nas horas de pranto, nem sequer um canto,
Arrisco tecer, pois pra mim lucro é o morrer.
Sim! E estar junto ao Eterno,
Sem perder tempo, sem perder um sequer alento,
Afago em criança, beijo apaixonado na morena,
Pro fim, avisto a velha Estância, que um dia deixei, Pátria minha.
Então direi: - Levantai oh porteiras da minh’alma,
Para que entre o laçador que me deu vitória,
Cristo-Javé, Sopro impetuoso, Grande Rei da Glória.
[1]Conceito extraído do livro de Paul Tillich “A dinâmica da fé”. (Editora Sinodal)
5 comentários:
Doido cara. Muito doido.
Muito bom
"Campereada" significa sair no campo à procura ... e na vida estamos a todo o tempo a procura ... nos assustamos com lugares que encontramos dentro de nós mesmos e por vezes os abandonamos como se estivessemos encerrando um assunto ... mas, de repente vem a batalha ... surge dentro do peito um devaneio ontológico a me golpear ... e aí a vida segue ... pro fim avisto a velha estância ... o meu céu ... e o regresso pra casa é o conforto ... e Cristo estah a me esperar !!!
Depois de um silencio de 12 anos ... esse foi o primeiro poema ... e o primeiro a gente nunca esquece !!! Obrigado a todos !!!
Bom hein? Muito bom!
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