sexta-feira, 19 de setembro de 2008

"Das lidas e campereadas"


Gemendo e em pranto fui de manso saindo,
De onde queria ficar, ou jamais ter sido porteira adentro lançado,
Laçado pelo destino, rendido ao desconhecido,
Feito gente, feito o que crê, adorno do Celeste.

Como estrela cadente que se lança céu abaixo, assim sou eu,
Falível ser, guerreando contra as ameaças do não-ser[1],
Sucateado nas lidas, cheirando ainda, a aurora da vida,
Vezes querida, pedra que se lapida,
Outrora temida, ferro que trepida.

Prostrado, sou apenas cisco que de ti caiu,
Espelho sujo, reflexo incerto, convexo procurando conserto,
Consertar-me, ah nem sei de que, nem sei para que,
Pois nas horas de pranto, nem sequer um canto,
Arrisco tecer, pois pra mim lucro é o morrer.


Sim! E estar junto ao Eterno,
Sem perder tempo, sem perder um sequer alento,
Afago em criança, beijo apaixonado na morena,


Pro fim, avisto a velha Estância, que um dia deixei, Pátria minha.
Então direi: - Levantai oh porteiras da minh’alma,
Para que entre o laçador que me deu vitória,
Cristo-Javé, Sopro impetuoso, Grande Rei da Glória.





[1]Conceito extraído do livro de Paul Tillich “A dinâmica da fé”. (Editora Sinodal)